Cada um de vós tem as suas próprias verdades.
E muitas vezes as defende como se outras não existissem. Como se cada estrela não tivesse o seu próprio brilho e, juntas, não iluminassem o céu.
Entretanto, aquele que se acredita maior do que é limita o próprio crescimento. E dia virá em que tão grande se julgará, que não mais será capaz de crescer.
Por isto, necessitais aprender a ouvir as verdades alheias.
E, ainda que não as aceiteis, ao menos meditai sobre elas. Como poucas nuvens não podem ocupar todo o céu, não podem as vossas verdades compor toda a Verdade maior.
Não busqueis impor os vossos pensamentos. Se o fizerdes, os vossos irmãos vos esconderão os seus próprios pensamentos; e vos será negado o que poderíeis aprender.
Não vocifereis as vossas verdades.
Dizei-as, serenamente; e deixai que cada um medite sobre elas. Pois, se o clamor de um brado dura apenas um momento, a voz calma da razão se eterniza em quem a ouve.
Não é gritando, que vos fareis ouvir; assim, apenas conseguireis que os outros se calem. E este não será o silêncio da aceitação, mas o prenúncio da revolta.
Deveis prezar as vossas verdades.
E lembrar-vos que cada um preza as suas próprias verdades, e não as trocará pelas vossas. Será, entretanto, capaz de ouvi-las e pensar sobre elas, se as souberdes enunciar; se nas vossas palavras não houver o estrépito da paixão, mas a profundidade da razão.
Recordai, ainda, que a cada um assiste o mesmo direito.
E àquele que se recusa a ouvir, não cabe o direito de falar; como, a quem se recusa a aprender, não assiste o direito de ensinar.
Disponde-vos, portanto, a ouvir as verdades alheias; e a respeitá-las, sem temer que diminuam as vossas próprias verdades.
Porque é quando se juntam, que as cores formam a beleza do arco-íris; e as ondas a imensidão do oceano.
Assim como as vossas verdades são partes da Verdade maior...
Do livro __"Hassan"__
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