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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

☜♡☞...A VOZ DO VENTO...☜♡☞


Uma flor existia, apenas existia,
muda e inexpressiva,
na beira de um lago próximo a montanha.

Mas ela não sabia que existia,
nem sabia quem era.
Existia apenas dentro do eterno silêncio e
isto lhe bastava.

Desejava ficar ali, imóvel,
fazendo parte apenas dela mesma.

Não havia sentido vontade de dar nome as coisas,
nem de experimenta-las.

O importante era se integrar
completamente ao nada,
porque este nada era toda a realidade
que ela percebia.

Queria permanecer anônima dentro do inexistente,
fora do tempo e do espaço e fora dela mesma.

Mas esta flor inconsciente dela mesma,
foi acordada pela voz do vento.

Nesse dia descobriu que havia alguma coisa a
mais existindo fora dela.

Lembrou que já havia recebido aquela visita
antes em seu corpo,
mas esta era a primeira vez que se sentia
tocada realmente por dentro.
E, quando o vento sussurrou nos seus ouvidos,
lindas palavras,
a flor sentiu-se viva pela primeira vez.

Escutou aquela voz tão doce falando
que ela era uma rosa branca,
cuja pureza brilhava como uma estrela solitária
na imensidão da noite.
Atônita com aquela revelação,
debruçou-se sobre o lago para examinar
aquele reflexo luminoso que nadava lá dentro.

E, a partir daquele momento,
passou a existir realmente e a saber quem era.

A flor reconheceu a vida que pulsava
dentro e fora dela.

Agora podia sentir o brilho do sol,
o frescor da chuva.

E, ouvindo o canto dos pássaros
aprendeu a cantar a sua própria canção.

Ansiava agora pela carícia do vento da montanha.

Como uma noiva radiante em seu vestido branco,
esperava pelo noivo prometido,
na esperança de conseguir ver o seu rosto,
e dançar com ele a música do amor eterno.

Mas o vento sábio nunca mais voltou.

Compreendeu que o amor da rosa,
deixava-a vulnerável demais.

Sabia que se aproximando novamente,
ela acabaria por desvanecer nos seus braços.

A rosa branca chorou.
Chorou de saudade.
Chorou por amor.
Chorou com aquela brusca separação.

Triste,
sabendo que nunca mais sentiria a
presença do vento no seu corpo,
a rosa ainda se encantava com a
magnitude do seu amigo querido.

Agradeceu-lhe o valioso presente
que havia recebido dele,
o presente de ter lhe dado ela mesma.

Secou as lágrimas e ergueu o olhar para o azul do céu,
pois sabia que lá, em algum lugar,
alguém olhava para ela com ternura.

E, mesmo que jamais o encontrasse de novo,
sentia que ele estaria com ela para sempre,
pois as suas vozes haviam se misturado dentro dela,
agora eram uma única voz brincando
pela montanha sagrada.

__ALGUÉM DISSE__

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